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[banda sonora – pierre henry – l’homme a la caméra – central telephonique]

INT – QUARTO MARGENS – isso não diz quantos muita filmes coisa cabem aqui 2500 caracteres dá pra uma epopéia, não não são indivíduos sóletras Odisseu os princípios são sempre tão difíceis, sensação de aprisionamento que não acha vazão e acaba na abertura ou no ON de algum aparato, aqui a televisão já se foi bem antes d’eu ter me fixado, no quarto de observação, mas esse computador oferece muito mais canais que ela dá cabo e isso deve ter razão com a miopia que só piora, hum zilhão de pixels, miúdos, arranquei as grades da janela, por proteção, quando crianças a eminência de suicídio é evidente, parece, saltar no grande vazio, mas os vãos cada vez mais estreitos, cresci praticamente dentro dos apartamentos vizinhos, várias mulheres passando creme nas pernas e maridos de cuecas vagas, montes de pedaços alheios que se repetiam cada qual a sua forma, de horizontes limitados por venezianas, incontáveis finders do galo inglês, os reis sempre prendem os Stewarts, e a cada ano o grande quadro só aumenta , ou diminui, nos jardins, só concreto, suspensos, novas redes ou barras a cada novo berço, gaiolas empoleiradas, por sorte a maioria dos paquidermes é branca, por reflexão, melhorando a lucidez desses abrigos, da janela meu céu é pura geometria e condenado a extinção, antes mesmo da Amazônia, como já morreram as estrelas no alaranjado firmamento noturno, ou teriam os astros se mudado para esses retangulares que brilham na ausência do sol, a escuridão também só respira artificialmente, por mais obscuro que possa aparecer, o antigo barbeiro, Passarinho, também migrou pra outras terras, restando só o ex-punk pra fazer a cabeçada geral, comentou “isso aqui era um bairro”, parece que a Paulista escorreu morro abaixo, não por acaso, logo ali ao lado tudo é bem planejado, a natureza do Pau-Podre, vizinho aos legisladores, vizinho ao quartel dos milicos, mais além o DOI/Codi, mais barras, menos clareza e velhos hábitos como hastear bandeiras.
Difícil dar a partida, junto aos deputados multi-partidários e pluri-facetados, grandes desbravadores se encontram, imóveis, tenho minhas dúvidas do que estabelece suas grandezas, princípios ou chegadas, Cabral via da Brasil à 23 de maio, duas mãos, e na encruzilhada um argentino petrificou os Bandeirantes, nossa esfinge monumental que guarda o mistério de sua nau, imóveis espectadores do Pico do Jaraguá, donde se alongam os caminhos do interior percorridos por Anhangüera, criatura que pôs fogo em água, naquele ponto de contemplação também buscava meus caminhos para o ocidente, onde tradicionalmente louvam as graças do Divino Espirito Santo, Os Anjos, mas o fordismo de tão produtivo congestiona os acessos e minha esperança pelo coche coletivo percorre a eternidade, naquele filme o velho morre…
De repente, o bendito abre suas grandes portas, outra vez do zero, mas a ascese pela Brigadeiro vai ser daquelas, sorte que o pau-de-arara não está lotado, só cheio, uma multidão calada, ou espectadora, o que resiste de atenção e do presente sintoniza as palavras daquele que nos conduz, faz passar mais rápido, “o que? vai lá, menu iniciar, botão da direita no browser, da direita, direita, isso, clica em abrir como administrador… hein… mas você não disse que a internet estava conectada? não não, abre as conexões de rede, peraí” estende o celular pro cobrador que zomba “pô, não sabe configurar a DSL? alô…” chegamos ao ápice, salto sem palavras, passam um dois três e não consigo me acostumar com esses que andam falando sozinhos, tanto concreto, impermeável, aposto que não sobrou um grão de terra desse morro e se sustenta por um esqueleto do complexo de garagens de estacionamento, é o que resta da Paulista, só sonho de uma vida melhor ou que no fim há o Paraíso, credo!, andar mesmo só pelos subterrâneos, não sem pagar o sacrifício das catracas, claro, de graça nem ilusão, aqui debaixo devemos estar nivelados ao Dante, mas não localizo se em algum dos infernos os penitentes eram tão silenciosos e a travessia segue seus costumes, em grego com “e” longo, além da Consolação, deixo o subsolo em meio a epitáfios, mas não é o fim, ao menos por hora.
Outro ponto, haverá repouso nessas criptas, ao menos nascemos cegos, seria muita sacanagem o recém chegado, com a boca cheia da mãe, olhar do HC que não pode ir muito além do outro lado da rua, ou será isso inato e só vamos vendo menos vivendo no faz-de-conta, explicaria aquelas pulsões, foda-se, vou a pé, fugindo das ley-lines, aliás, psico-geografia deveria ser disciplina do ensino fundamental, as situações seriam outras, sonhos, a condição humana, utopias, mas enfim cheguei a algum lugar, o Maranhão aqui erguendo o mastro, as caixeiras finalizam os cânticos tão logo chegam os tambores para as crioulas profanas, essas tias são do babado, vodunzeiras, nem dá pra perceber direito, mas só quem bebe e fuma ali está encantada, para muitos isso é o diabo, para outros só encenação, um grande texto pede um grande intérprete, mas o que vejo é sagrado, história viva em movimento, messiaenismos à parte, da próxima são Anjos anunciando o Fim dos Tempos, dia 12, outro dia, se foi, parece banal, tutuguri pek ti le kruk dada, amanhã continua, quero crer, mais leve, espero, tipo fluxus e no fim são só palavras, quem pode ainda dizer alguma coisa, santo mistério que dá forma ao não dito, quem sabe também não me acabo em signo e volto bem no meio de uma dessas mulatas, não hoje, outro dia, espero, de novo, princípio safado

3 Comments

  1. A merda é coletiva e se espalha sem pedir explicação, eu peço, eu dou, mas eu não me engulo, eu vomito até o fim desse programa no canal 8. Orelhão da Telesp adiante não há palavra que seja sua.

  2. não olhaste a fundo…

  3. nota:

    uma derviva na megalópole de um derivado do oikos paulistano.

    quando ler, dê play na trilha sonora.
    leia em voz alta.

    aumente os volumes…


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